História do bairro Cosme de farias.

 

De uma fazenda para um bairro- Cosme de Farias

O bairro de Cosme de Farias é considerado um dos subdistritos do bairro de Brotas- um bairro central da cidade de Salvador e tem 289 anos que foi fundado.

Cosme de Farias antes de se tornar um bairro era parte de uma enorme fazenda pertencente a família Saldanha onde tinha inúmeras árvores frutíferas, matas e muita terra.

O bairro surgiu em meados da década de 1940. Quinta das Beatas, era assim que se chamava a algum tempo atrás. Tinha esse nome porque o local tinha uma freira católica como proprietária. Quem morava no bairro desde essa época garante que o bairro era tranquilo, pacato comparável a uma vida de interior. Nessa época também vieram muitas pessoas do interior em busca de melhores condições de vida.

Algum tempo depois passou a se chamar Cosme de Farias em homenagem a um Major que teve muita importância para o bairro.

Quem foi Cosme de Farias?

Major Cosme de Farias
Fonte:www.onordeste.com

Cosme de Farias era filho de comerciante e vendedora ambulante, nascido em  São Tomé de Paripe no ano de 1875. Ele exerceu cargos públicos, foi jornalista e chegou a ser vereador e deputado. Preocupado com as causas sociais conquistou a população. 
Apesar de só ter cursado o primário, a partir de 1895 aos 20 anos de idade, ele ganhou autorização para atuar como rábula. Na sua função de advogado, defendia as pessoas pobres e não cobrava pelo serviço à quem não tinha condições de pagar. Além disso, mesmo sem concluir seus estudos ele criou a Liga Baiana contra o Analfabetismo em 1915 e foi pioneiro nesta luta, começou sua campanha do ABC e foi o responsável pela primeira escola pública de educação de adultos do estado da Bahia. 
Suas defesas como advogado eram consideradas brilhantes. Cosme de farias estava sempre disposto a ajudar. Enquanto ainda não tinha seu escritório atendia as pessoas em sua casa, na porta da cadeia, na rua, enfim aonde desse. Foi no corredor da Igreja de São Domingos de Gusmão, no Terreiro de Jesus que conseguiu um espaço para atender os seus clientes e fez desse local seu escritório por muito tempo.  O "advogado dos pobres", como era conhecido Cosme de Farias, defendeu mais de 30 mil processos judiciais, foi apontado como o campeão de habeas corpus na Bahia. 
O menino humilde que se tornou um grande homem, dedicou sua vida em prol dos menos favorecidos. Faleceu em 1972, deixando um grande exemplo de generosidade  e amor ao próximo.

Atualmente há um monumento- um busto do Major- em sua homenagem na praça principal do bairro , localizada no final de linha. É lá também que funciona uma radio comunitária chamada de Copacabana que foi criada por "Paulinho FP" para servir como um meio de auxilio à comunidade. A rádio além de proporcionar entretenimento , também ajuda a população em divulgar serviços, notas de empregos, desaparecimento, falecimentos etc.

Busto do Major Cosme de Farias

Para conhecer mais um pouco sobre a história do bairro nada melhor do que conversar com pessoas que viveram naquela época e que tem experiências para compartilhar. 

Entrevista 

Nome do Entrevistado: Domingos                                                                          
Idade: 65 anos

Seu Domingos reside no bairro há 40 anos.

Eu: O senhor se lembra como era o bairro antigamente?

R. Era bem menos movimentado, do que é hoje, tinha bastante espaço, não tinha tantas casas. As casas eram distantes umas das outras, também tinha uma bela feira que tinha de tudo um pouco: frutas, carnes de gado, etc. bem diferente da feira que se tem hoje, inclusive vinha gente de outros bairros fazer feira. Não tinha esses mercados, na verdade o que se tinha eram armazéns.

 Eu: Já ouviu falar no Major Cosme de Farias? O que sabe sobre ele e sua importância para o bairro?

R. Já sim. Na verdade não sei muita coisa sobre ele sei que era conhecido por ser o advogado dos pobres, mas não sei a sua importância para o bairro. Lembro-me que cheguei a vê-lo, fui com minha tia uma vez no seu escritório, mas não sei exatamente para quê, sei que tinha a ver com uma história de me colocar em um orfanato, mas  que por algum motivo não deu certo.

Eu: Quais as mudanças que ocorreram no bairro ao decorrer do tempo que considera positivas e negativas?

R. Considero positiva as ruas que hoje são asfaltadas, os degraus que foram construídos no lugar de algumas ladeiras. Isso melhorou bastante. Os mercados eu considero tanto negativo como positivo. Positivo porque temos mais opções para comprar, porém é negativo, pois acabou com a bela feira que tínhamos aqui no bairro.

 Rua Gandarela: minhas memórias    

Cheguei na Rua Gandarela em dezembro de 1999, junto com meus pais e minha única irmã. Tinha 4 anos, lembro-me como se fosse hoje: uma menina cheia de esperança com o sorriso largo, descendo as escadas, feliz da vida por estar indo para a sua casa própria. A rua é um local tranquilo,  que tem escada de um lado e ladeira do outro. É um lugar que me traz bons  momentos da infância- onde sob os olhares de minha mãe (que nunca nos deixava sem supervisão), eu  brincava na rua: corria, cantava, brincava de escola, elástico...

Visto que são apenas 15 anos que moro neste local, não alcancei o tempo em que o bairro era de pouco movimento, não tinha muitas casas, etc. Porém, vizinhos mais antigos relatam que assim como todo o bairro, a rua Gandarela era cercada de mato, que com o passar do tempo foi dando lugar às casas. Quando cheguei na rua a escada que dá acesso era muito mal feita, e bastante perigosa onde várias pessoas já se acidentaram, mas a alguns anos atrás a escada foi consertada e colocou-se corrimões que melhorou muito a rua. Hoje a rua Gandarela é toda asfaltada, tem a Associação de Moradores e Amigos da Gandarela (AMAG) e mais de 200 residências, assim como alguns estabelecimentos comerciais.

Costumo dizer que: apesar dos problemas que inevitavelmente existem, não trocaria minha rua por nenhuma outra, pois foi aqui que vivi uma das melhores fase da vida: minha infância.

Fonte: www.skyscrapercity.com

REFERÊNCIAS:

NASCIMENTO Vieira Amélia Anna. Livro: Dez freguesias da Cidade de Salvador: aspectos sociais e urbanos do seculo XIX. Salvador: Fundação Cultural do Estado da  Bahia, EGBA 1986.

<http://cosmedefarias2011.blogspot.com.br/p/historia.html> Acesso em: 6 de julho de 2015.

<http://pedagogiaunebcosmedefarias.blogspot.com.br/> Acesso em: 6 de julho de 2015.

<http://salvadorhistoriacidadebaixa.blogspot.com.br/2011/07/brotas-6-cosme-de-farias.html > Acesso em: 22 de julho de 2015.

<https://soteropolitanosdebrotas.wordpress.com/2007/08/31/comunitaria-uma-radio-de-todos/> Acesso em: 09 de outubro de 2015.